Hoje fomos visitar um monumento importante do nosso concelho:
o Mosteiro de Santa Maria, em Lorvão
Na Sacristia podem-se
admirar três grandes tábuas pintadas em 1623 por Miguel Paiva, além de outras
obras de pintura, designadamente dos italianos Agostino Masucci e Pascoal
Parente. Na Sala do Capítulo encontra-se provisoriamente instalado o museu, que
tem peças de grande merecimento artístico. Para além das pinturas, cerâmicas,
mobiliário e tapeçaria dos séculos XVII e XVIII, destacam-se as
esculturas de São Bento e São Bernardo, de cerca de 1510, além de um Cristo
Crucificado do século quinto. Entre os paramentos admire o véu da píxide,
bordado a ouro e aljôfar, assim como um pluvial que, além de belo, foi o único
no mundo a ser usado por uma mulher, abadessa do Mosteiro, depois de especial
autorização papal. Das peças de ourivesaria são notáveis uma Virgem Maria com o
Menino, do início do século XVII, e a custódia, datada de 1760, primorosa obra
da ourivesaria de Lisboa.
A separação entre a igreja e o coro é feita através da já mencionada grade de ferro forjado, única no seu género no país. Sobre ela deveria erguer-se o órgão de 61 registos, obra de António Xavier Machado Cerveira, datado de 1795 e com a característica invulgar de ter duas fachadas opostas, compostas em delicado rococó.
O Mosteiro de Lorvão
encontra-se entre os mais antigos da Europa, já que a sua fundação remonta a
meados do século sexto, de acordo com as memórias relatadas pelos cronistas
monásticos, corroboradas por uma pedra de ornato visigótico que se encontra
incrustada na torre dos sinos.
Nebulosos e lendários são os primeiros séculos da instituição, pois os mais
antigos documentos escritos fidedignos apenas surgem na sequência da
reconquista cristã de Coimbra de 878. Em 1205 sofreu o mosteiro profunda
reforma, levada a cabo por D. Teresa e D. Sancha, netas de D. Afonso Henriques.
A sua fama levou-as a alcançar a honra dos altares, em 1705. Os restos mortais
das duas santas encontram-se atualmente na capela-mor da igreja. Esta reforma
fez de Lorvão a primeira comunidade feminina da ordem de Cister em Portugal.
Quase tudo o que resta
hoje em Lorvão é fruto das reformas dos edifícios operadas nos séculos XVII e
XVIII.
O mosteiro ficou então com quatro dormitórios,
noviciaria, hospício e hospedarias, coro, igreja, dois claustros, refeitório,
sala capitular, enfermaria, botica, cartório, oficinas, celeiro e outras
dependências, tudo em acelerado processo de degradação, implorando por uma
intervenção a nível do restauro de pinturas, edifício e imagens. Além da
igreja, coro e claustros, restam apenas os cascos do hospício e dois
dormitórios. Na fachada voltada ao exterior destacam-se os arcos da portaria e
da igreja.
A igreja em si é uma
construção magnífica, levada a cabo entre 1748 e 1761, luminosa, de proporções
clássicas e monumentais e decoração sóbria. Segue o estilo joanino de Mafra,
mas numa visão mais intimista, que é já do rococó. Nela são especialmente
merecedores de atenção a porta da entrada, de pau-preto e com aplicações de
bronze dourado; as grandes telas de pascoal Parente, nos altares sob o
zimbório, representando S. Bernardo e S. Bento; os túmulos de prata de Santa
Teresa e Santa Sancha, feitos em 1715 pelo ourives portuense Manuel Carneiro da
Silva, que se encontram nos altares da capela-mor.
A separação entre a igreja e o coro é feita através da já mencionada grade de ferro forjado, única no seu género no país. Sobre ela deveria erguer-se o órgão de 61 registos, obra de António Xavier Machado Cerveira, datado de 1795 e com a característica invulgar de ter duas fachadas opostas, compostas em delicado rococó.
As suas peças jazem no
chão, encostadas no canto do cadeiral que se encontra vazio devido ao incêndio
que aí deflagrou em tempos e que consumiu parte do cadeiral de coro, o maior de
Portugal. Terminado pouco antes de 1748, é o que mais desperta a admiração num
mosteiro velho e cansado e esperar por cuidados. As cadeiras do nível superior
são de altos espaldares, únicas no país. Possui delicados ornatos, pela
espiritualidade dos santos esculpidos sobre as cadeiras (todos são diferentes)
e pela nota de fantasia dada pelas máscaras existentes na parte inferior dos
assentos (igualmente diferentes). O jacarandá preto do Brasil e a nogueira,
únicos materiais utilizados, na sua cor natural, contribuem em grande parte
para acentuar a sua beleza.
O claustro é um
edifício harmonioso mas despido de vida e tido ao abandono, apesar de edificado
em duas campanhas: 1597 (arcada do piso térreo) e 1677 (sobreclaustro). É
bordejado por 13 capelas devocionais, atualmente despojadas, construídas
durante todo o século XVII, a partir de 1601.