O Rei-Menino de António Torrado
Era uma vez um menino que pelos azares da história, ficou órfão muito cedo. E como único filho herdeiro, viu-se forçado a subir ao trono, muito antes de ter estudado tudo o que devia, muito antes de saber de cor todos os nomes das terras, montanhas e rios, do país onde ia reinar.
Um rei-menino que ansiava brincar como menino que era: saltar a janela da sala do trono e ir ao encontro de outros meninos que jogavam ao berlinde na rua. Mas o peso da responsabilidade de ser rei, não lhe permitia essa evasão. A própria coroa de ouro era pesada demais para a sua pequena cabeça quando assistia às cerimónias palacianas ou presidia ao enfadonho Conselho Real rodeado de velhos conselheiros.
"Um rei é um rei" - Dizia-lhe o aio D. Belizário, no dia que o reizinho decidiu fazer de patins, o seu longo percurso até à sala do conselho; o seu manto esvoaçava como uma longa asa.
"E um menino é um menino" - Respondia o rei, cansado da sua obrigação de reinar. Onde se teriam escondido os sonhos de menino durante o seu reinado? E os amigos da sua idade, os berlindes, os jogos da cabra-cega, do eixo e da bola? Decerto que bem guardados na sua imaginação.
Anos depois, já rei-homem, parece que não reinou mal.
Talvez porque sonhos e desejos cresceram com eles, tornando o seu coração mais forte.
Ficha Técnica
Adaptação e encenação: Isabel Bilou
Interpretação: Pedro da Silva, Rui Raposo Costa e Vânia Fernandes
Cenografia: Fernando Landeira
Assistente cenografia: Susana Gouveia
Figurinos: Isabel Bilou
Marionetas: Cão Danado & Companhia
Banda Sonora: Gil Salgueiro Nave
Desenho de luz: Fernando Sena e Jay North Collin
Fotografia: Fernando Landeira
Cartaz: Ivo Silva e Vanessa da Silva
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